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O pobre Antônio, quando vota, sabe que tem que fazer. Mas não sabe o porque faz. Me atrevo dizer que ele não sabe quando faz, é uma dedução assaz perspicaz, veja: Antônio é letrado 'naqueles' moldes, se é que me entende; sua condição de operário faz com que ele se interesse por duas coisas, com o perdão da palavra, buceta e cerveja; a realidade o prende à sua seção onde ele faz de tudo um pouco é o responsável por fazer a peça entrar e sair, trabalhando num sistema que podemos chamar de fordismo melhorado - Antônio é, basicamente, um artesão da autopeça; seu motivo de trabalhar é simples: precisa alimentar o neto, filho ilegítimo de seu próprio filho, que nada quer saber do trabalho; muito mais do que trabalhar pelo neto, ele quer trabalhar pela aposentadoria, que é sonhada... apenas, sonhada (porque o INPS anda de tal maneira que quando eu atingir os 65 anos, será requisito mínimo para aposentadoria simples cinqüenta anos de trabalho e setenta e cinco de idade); a real preocup