segunda-feira, 1 de setembro de 2014

Reciclagem

Demorei horrores a perceber quanto tempo faz que não paro dez minutos pra escrever aleatoriedades para mim. Cara, dois anos! Muito tempo.

Se alguém perguntasse "E aí, o que mudou?", eu diria nada, mas quando paro para ler o que escrevi e a pessoa que escreveu... Poxa, mudou tudo! Fantástico isso de escrever e imortalizar você no papel. Muito melhor do que fotografias, são as lembranças dos pensamentos que se tinha.

Saí de um limbo sentimental para uma vida tão tão pacata, que eu mesmo escolhi. Sabe como é, voltas e voltas para chegar onde sempre quis estar.

Se antigamente eu não tinha pressa, hoje então é que nem chego perto dela. O tempo passa devagar e vou vivendo com ele seguindo, sentindo e pensando dia a dia.

Hoje sinto vontade de resgatar o que foi bom do passado e fazer essas experiências uma nova coisa, tipo reciclagem mesmo... Reciclar eu mesmo, que preciso de uma prensa pra extrair meu sumo e fazer a versão 2.0 e vender três vezes mais caro \\sqn

Vamos dormir que amanhã é dia =)

segunda-feira, 19 de março de 2012

18/03

Pelo que tenho que sofrer? Parada no quarto? Jamais! Eu grito e esperneio, faço o mundo saber pelo que vivo e mais ainda, pelo que sofro. Não posso passar a tarde em casa sem uma fotografia: uma exposição desnecessária. Abaixo para pegar panelas e está publicado, todos vêem, me cutuca. E peorque estou magoada, canso e aparento ser uma figura esqualida. Ocorre que depois da sua partida, eu fiquei vazia, de corpo (e alma)? Eu vivo nessa terra estranha, e o que eu posso pensar dessa gente que não me quer bem? Só posso parar de comer e meu corpo fica mais saliente. Veja, a curvatura das minhas sobrancelhas não acompanha o contorno da minha testa. Isso é absurdo, abusivo, subversivo! Fugi mesmo, não aguentava ouvir aquele barulho, aqueles passos, buzinas, gemidos, helicóptero, hálito, sexo. Não suportava mais ter que conviver com isso, e logo sabia: precisava fugir. Encontrei gente pior. Pior que eu mesmo. Vivo da caridade alheia. Perdi o interesse, o fogo vital. Perdi a vontade de amar, a vontade de te ter, a vontade de transar. Sério, quem te viu, quem te vê, [...] quem não a conhece? [...] Ver pra crer. O trabalho me ajuda, me traz a lembrança da música que me acompanha o suspiro. Sério, viver sem vontade, é triste.  Mas continua, corre, finge, diz, fala, espera. Respira porque a loucura é perene tanto quanto  o sorriso não é eterno e a tristeza subjetiva.
Cecília Camargo
18/03/1994

sexta-feira, 24 de fevereiro de 2012

11-06-2012

Eu vou dizer, não aguento o calor de Paris. Nessa época moderna, as coisas estão todas invertidas. Onde já se viu, ficar suando no Champs Elisée?
Antigamente quando a gente queria calor, ia pro Caribe. Lógico, praia e gente bonita! Até que explodiu a Revolução Cubana... Ai que desgraça! E veja só, que tristeza... eu posso até dizer com riqueza de detalhes, mesmo porque eu estava tranquilamente sentada num bar charmosíssimo em Havana, estava tomando uns 'drinks' maravilhosos que um tal de Antonio, empregado do hotel que eu estava hospedada, me fez; e até estavamos num affair muito interessante quando resolveram que tinham que derrubar o governo. Ah, que desgraceira. Eu até entendo, derrubar o governo é maravilhoso, uma delícia, eu mesma participei da Revolta das Barricadas em Paris, estava um luxo só!!! A gente não conseguiu derrubar o governo, mas pelo menos bebemos muito Whisky... Ai como foi engraçado!
Mas o que importa é que depois disso, o Caribe nunca mais foi o mesmo. D'ali por diante, a gente teve que passar o verão num lugar alternativo, moderno e cheio de gente ... como se diz ... tá, só cheio de gente está bom. Mas sei que no próximo verão eu peguei um vôo para o Brasil, e lembrei que eu tinha nascido lá. Olha só que desgraça, passei o verão em Porto Seguro, um dia só e já queria voltar para minha Paris. Mas tudo bem, hoje em dia ir para o Brasil é legal e está em alta. De qualquer forma, eu agora, sentada de frente pra Torre Eiffel, pensando no Brasil e logo vejo uns brasileiros, porque ficar se jogando dentro da fonte é coisa de brasileiro, êta gente que gosta de quebrar as regras... Tá difícil virar primeiro mundo. Ah, querido me vê mais um vinho branco?

Elisabeth Obilac Tessalônica
Socialite
11-06-2012

quarta-feira, 22 de fevereiro de 2012

14-03

Quando vi aquele vulto, me deu um calafrio, uma coisa tão má. Largada no sofá, já não tinha vontade de comer, pra que? Engordecer! Chateada com a vida, que me foi grata, que me foi ingrata, que me foi vivida. Porque eu ainda posso ver, o vulto na escada?
A sombra do meu amor, que foi e vem, que me persegue e me arranca os cabelos, rasga minha pele, beija minha boca, meus dedos, meus medos. Mas eu não posso mais olhar, porque não posso mais sentir aquele salivar.
Mas ainda está, parado na sacada, estanque na cozinha, ouço a voz dele.
Nosso verão de correr sutil, de calor forte. Ficamos juntos, um minuto sequer, tocamos os ombros vivemos as lágrimas e rimos as pencas de todas as cores, frutas e texturas.
Porque eu nunca pude te tocar do jeito que eu mais sonhei, do jeito doce que minha alma sempre quis, do jeito manso que meus pensamentos sempre pediram? Te toquei com o fogo santo que ainda sobe minhas veias, que fecha meus poros e abre os trabalhos para a porta de entrada, onde nós ficamos juntos, eu em você e você em mim.
Minutos, apenas minutos de extremo pavor e torpor; seguidos de beijos e carinhos e afagos e ninhos, minutos que me faltam, que me estragam, me mimam demais.
Porque eu sei que agora, embaixo do cobertor, eu fico a olhar a tela da vida alheia, a tela de pano por onde os olhos penetram o chumbo e o cheiro. Não posso ter, porque não quero, porque não quis desse jeito.

Me cansei da sua hesitação, porque ainda está parado na minha porta e me faz arrepiar a nuca. Porque não entra e arromba os sentimentos, me faz derramar essa torrente de lágrimas que quer explodir nestas águas represadas! Entre em casa, pegue suas coisas, a sua roupa, a sua cama e me deixe em paz! Porque tu não me traz nada!

Não vai entrar, pois eu abro a porta! Te forço a correr, tu me lembra o gado, só anda assustado nas colidas, que não sabe pra onde vai quando vê o grotão. Tu é o gado, o boi mais sutil o boy mais fabril, que na sua arte me pegou desprevenida, de coração aberto, de peito fechado pelo catarro. Vá embora. Agora.

Porque fico aqui sozinha, e com meu sofá, meus queijos e meu gato. E isso me faz sofrer mais do que quanto estava com você, mas não posso voltar atrás, porque quis assim, porque é assim que tem que ser. O meu amor vadio, com seu corpo me tirou à força que tinha, agora só fico com a vontade... de ser e não ser.

Ana Luísa de Mantegais, 14-03-2015

quinta-feira, 3 de novembro de 2011

Decágolo Cívico

1. Amarás o Brasil, tua Pátria, com um amor inteligente e forte. Inteligente, para conhecer seus problemas e grandezas; forte, para empenhar-te em prol de seu desenvolvimento e na defesa de sua Soberania.
2. Amarás os teus irmãos brasileiros, reconhecendo em todos a igual dignidade de pessoas humanas, sem discriminações de raça, origem, condição social, situação econômica, opiniões doutrinais, ideológicas ou religiosas.
3. Não excluirás de teu amor e respeito os filhos de outras terras que vieram colaborar lealmente para a grandeza da pátria comum.
4. Prezarás os teus valores humanos, espirituais e físicos, procurando, através de todos os recursos do ensino e da educação, levá-los a uma plenitude ordenada e harmoniosa.
5. Amarás entranhadamente o bem, a virtude e a verdade, detestando o mal, a mentira e a iniqüidade.
6. Amarás com predileção a tua família, cuja promoção te dedicarás pelo trabalho competente e honesto, no exercício de uma profissão.
7. Procurarás conhecer sempre melhor teus deveres e direitos de cidadão, para observá-los com maior fidelidade, esforçando-te por participar da vida de tua Cidade, de teu Município, de teu Estado e da Federação.
8. Lembrar-te-ás que um bom cidadão não pode ignorar os elementos fundamentais da organização jurídica e administrativa de sua Pátria.
9. Deverás também te esforçar por conhecer sempre melhor os elementos da organização econômica e dos processos sociais do Brasil bem como os sistemas propostos para resolver os seus problemas, a fim de formar, a respeito de todos, uma opinião clara e segura.
10. Não deverás nunca esquecer que o Brasil faz parte de uma Cultura e de uma Comunidade Internacional, para com as quais tem também direitos inalienáveis e deveres urgentes, de cujo respeito depende o advento de uma paz justa e definitiva.

Pe. Fernando Bastos de Ávila

quarta-feira, 17 de agosto de 2011

A grande vantagem é a pior desvantagem deste lugar. Não sei mais a quem recorrer, ou ao que fazer, ou pra que fazer. Cansado das mesmas dificuldades, os mesmos muros, barreiras colocadas a minha frente. Realmente, dizer NÃO, é o que falta na minha vida. Sempre fui solícito, gosto do meu trabalho e das pessoas que me cercam, mas no fundo, tudo que está ao meu redor, ainda preenche muito a minha vida. Estou com falta de vazio, falta de mim mesmo. Pra que acumular o tempo, as coisas, as vontades, se no fim... tudo é vaidade... O tempo de correr está muito longo, preciso do tempo de andar e finalmente, do tempo de parar. Porque há tempo para todas as coisas debaixo do sol, começo a questionar, qual o tempo que eu preciso para fazer aquilo que me é dado. Isso me leva a pensar, o que me é dado? O que eu me presenteei e por isso ocupo meu tempo?
Sou um caco, um pedaço, uma coisa informe que vive fora do meu tempo na falta de sintonia com meus pares e com as pessoas ao meu redor.
Sempre fui, e acho que sempre vou ser uma pessoa fora de sintonia com os outros. A juventude impõe aventura, enquanto eu coloco a seriedade. O trabalho impõe seriedade, enquanto coloco perfeição. A vida pessoal impõe alegria, enquanto coloco reflexão.
A distância entre meu trabalho e minha casa é tão comprida, sempre me queixo disso, mas no fim, basicamente, sempre vim metade do caminho de carro... se não fosse isso, já teria pedido demissão.
Meu pé está muito dolorido, não sei por que...

quarta-feira, 23 de março de 2011

Guilty

Um dia daqueles, sabe... aqueles dias que você para e olha para si mesmo, contempla a majestade da criação (err, não). Eu olhei para mim, e vi a incompetência personificada. Sabe, quando você tem aquelas sensações... sensação de assalto iminente, de risco, de desgraça, de chuva, de atropelamento... aquelas sensações que predizem o futuro; pois bem, tive a sensação que eu fazia, fazia, fazia e nada fazia.
Já disse, volto a repetir, a pior decepção é aquela que você tem consigo mesmo... Pois estou decepcionado comigo, é triste, muito triste. Sinto que eu não sei fazer as coisas, sabe, tudo que eu faço é realmente, ínfimo, pequeno, chato oO.
Não sou bom, em nada, entende... isso me incomoda. Não sou bom no meu trabalho, não sou bom na minha escola, não sou bom na minha casa, não sou bom com meus amigos, não sou bom com meu amor. Pronto, não sobrou nada! Só resta me conformar em dizer que eu sou bom em dormir, coisa que, se pá, estou fazendo mal também.
Me sinto um H. J. Simpson. Sabe, perdido, danado, lascado... a única coisa que salva é a bobeira idiotística. Também a falta de esperança num futuro, ou a ausência de um futuro, para ele e para mim, são incrivelmente complexas. Sabe, H. J. Simpson tem tudo, ele é um homem que tem um trabalho dos sonhos, uma casa legal, uma família imperfeita (o que coincidentemente, a faz ser perfeita), uma esposa devotadíssima², um bar de confiança, e amigos do peito.
Sabe, se eu fosse fazer um brinde, agora...

'Ao Sr. Homer Jay Simpson!'