Dois Tempos
Eu não sei a quantas anda o meu relacionamento com minha família. Sei que tudo que faço dentro da casa do meu pai é analisado como se fosse problema. Sinto que estou passando pela adolescência tardia.
E sei bem o porque disso, porque me tornei um adolescente agora. Porque eu sempre fui um velho ranhento. E mais que isso, sou um velho. E só isso.
Não que minha aparência seja idosa, mas minha mente é dura como uma pedra. E eu sou assim, cheio das manias e coisas que só um senhor de longa data teria. Mas esse não é o problema.
Porque é ser assim, velho, idoso, recalcado, é parte de mim. E me dei conta que, se eu não for assim, não sou eu.
Mas, não é, e nunca foi, um problema ser eu mesmo. O grande problema, é ser quem as pessoas esperam que eu seja. Ser quem meus pais esperam que eu seja é um problema! Porque, afinal, não sou o fruto da imaginação deles, sou o fruto da, literalmente, safadeza disfarçada.
Estou percebendo agora que eu não tenho nenhum objetivo com esse texto, e é possível que eu nem o publique. Deve ser algum acesso.
As pessoas a minha volta me encheram com tantas coisas, tantas coisas, tantas coisas... que eu não sei mais o que é que eu estou cheio. Mas não se engane, Senhora minha mãe, ao, porventura, ler isto, incluindo meus amigos como o motivo para as tantas coisas... pois quanto mais peso tem uma opinião, mais coisas ela agrega... e sinto muito lhe dizer, infelizmente, a sua louca opinião, tem um dos maiores pesos.
Ao contrário da família, os amigos mostram suas escolhas e suas opções, eles mostram. A família não dá escolha, a família força a execução da conduta. E é por isso que os amigos são tão queridos, não lhe forçam. Sim, existe um certo grau de interesse na execução das condutas apresentadas pelos amigos para ficar dentro do 'grupo'. Muito mais que isso, um amigo é passível de ser decepcionado, largado, entregue as traças... Mas a família não pode ser assim.
Infelizmente, me sinto abandonado pela minha família. Não é um abandono físico, um desapego material. Não é um abandono espiritual. Não é um abandono intelectual.
É um abandono moral.
Não há definição do certo ou errado. Porque o certo e o errado podem ser manipulados. Não existem valores rígidos imutáveis. A vida não é inalterável.
Das idas e vindas, não aproveitei muita coisa. Dos momentos felizes, extraí o maximo. Dos tristes, fiz com que eles merecessem receber este nome.
Agradeço pelo meu relacionamento com minhas irmãs, pois ele é sadio. Fico triste pelo meu não relacionamento com minha mãe, pois guardo muita mágoa. Fico triste pela minha incapacidade de responder à aproximação do meu pai, pois é uma deficiência minha.
Talvez seja necessário, para meu caráter.
Descobri que tenho medo da paixão. Não gosto do descontrole que ela apresenta.
E sim, por fim, tenho trauma pelos meus relacionamentos anteriores, todos eles, desde os mais longos até os mais curtos. Pena minha mãe ter descoberto isso tão recentemente, se ela visse as coisas de um certo ângulo, ela poderia ter me ajudado.
Nunca pedi ajuda de papai e nem de mamãe. Nunca pedi ajuda. Sempre me achei autosuficiente. Mas sou um dos mais dependentes seres que eu conheço.
Sou dependente do amor dos meus amigos, da ternura de um abraço, da alegria alheia!
Me sinto um incapaz. Me sinto um inútil. E tudo que eu poderia fazer para modificar isso parece impossível. Estou tendo crises novamente, estou achando que minha faculdade não me satisfaz, não estou mais tão de bem com a vida... Mas eu quero continuar em frente, não vou jogar as coisas para o alto... Não quero perder!
O que eu mais quero na vida? Eu quero minha casa, meu canto! Eu sei que é praticamente impossível, que é um objetivo alto demais, que é uma presução, que é orgulho! Mas não posso mais ficar assim, não posso aguentar o que vejo, não posso ser quem eu sou enquanto não for livre para exercer essa existência.
Pois devo me aguentar, me segurar, me entender... e como me disseram: Engolir, muitos, muitos sapos!
E sei bem o porque disso, porque me tornei um adolescente agora. Porque eu sempre fui um velho ranhento. E mais que isso, sou um velho. E só isso.
Não que minha aparência seja idosa, mas minha mente é dura como uma pedra. E eu sou assim, cheio das manias e coisas que só um senhor de longa data teria. Mas esse não é o problema.
Porque é ser assim, velho, idoso, recalcado, é parte de mim. E me dei conta que, se eu não for assim, não sou eu.
Mas, não é, e nunca foi, um problema ser eu mesmo. O grande problema, é ser quem as pessoas esperam que eu seja. Ser quem meus pais esperam que eu seja é um problema! Porque, afinal, não sou o fruto da imaginação deles, sou o fruto da, literalmente, safadeza disfarçada.
Estou percebendo agora que eu não tenho nenhum objetivo com esse texto, e é possível que eu nem o publique. Deve ser algum acesso.
As pessoas a minha volta me encheram com tantas coisas, tantas coisas, tantas coisas... que eu não sei mais o que é que eu estou cheio. Mas não se engane, Senhora minha mãe, ao, porventura, ler isto, incluindo meus amigos como o motivo para as tantas coisas... pois quanto mais peso tem uma opinião, mais coisas ela agrega... e sinto muito lhe dizer, infelizmente, a sua louca opinião, tem um dos maiores pesos.
Ao contrário da família, os amigos mostram suas escolhas e suas opções, eles mostram. A família não dá escolha, a família força a execução da conduta. E é por isso que os amigos são tão queridos, não lhe forçam. Sim, existe um certo grau de interesse na execução das condutas apresentadas pelos amigos para ficar dentro do 'grupo'. Muito mais que isso, um amigo é passível de ser decepcionado, largado, entregue as traças... Mas a família não pode ser assim.
Infelizmente, me sinto abandonado pela minha família. Não é um abandono físico, um desapego material. Não é um abandono espiritual. Não é um abandono intelectual.
É um abandono moral.
Não há definição do certo ou errado. Porque o certo e o errado podem ser manipulados. Não existem valores rígidos imutáveis. A vida não é inalterável.
Das idas e vindas, não aproveitei muita coisa. Dos momentos felizes, extraí o maximo. Dos tristes, fiz com que eles merecessem receber este nome.
Agradeço pelo meu relacionamento com minhas irmãs, pois ele é sadio. Fico triste pelo meu não relacionamento com minha mãe, pois guardo muita mágoa. Fico triste pela minha incapacidade de responder à aproximação do meu pai, pois é uma deficiência minha.
Talvez seja necessário, para meu caráter.
Descobri que tenho medo da paixão. Não gosto do descontrole que ela apresenta.
E sim, por fim, tenho trauma pelos meus relacionamentos anteriores, todos eles, desde os mais longos até os mais curtos. Pena minha mãe ter descoberto isso tão recentemente, se ela visse as coisas de um certo ângulo, ela poderia ter me ajudado.
Nunca pedi ajuda de papai e nem de mamãe. Nunca pedi ajuda. Sempre me achei autosuficiente. Mas sou um dos mais dependentes seres que eu conheço.
Sou dependente do amor dos meus amigos, da ternura de um abraço, da alegria alheia!
Me sinto um incapaz. Me sinto um inútil. E tudo que eu poderia fazer para modificar isso parece impossível. Estou tendo crises novamente, estou achando que minha faculdade não me satisfaz, não estou mais tão de bem com a vida... Mas eu quero continuar em frente, não vou jogar as coisas para o alto... Não quero perder!
O que eu mais quero na vida? Eu quero minha casa, meu canto! Eu sei que é praticamente impossível, que é um objetivo alto demais, que é uma presução, que é orgulho! Mas não posso mais ficar assim, não posso aguentar o que vejo, não posso ser quem eu sou enquanto não for livre para exercer essa existência.
Pois devo me aguentar, me segurar, me entender... e como me disseram: Engolir, muitos, muitos sapos!
Comentários
Cheguei ao seu blog pesquisando sobre o piano Pleyel, pois também consegui comprar um, faz uma semana e estou super feliz. Você escreve de uma maneira maravilhosa,acho que tens uma alma de escritor.
Beijos. Elaine Regina