Pleyel
Por alguns meses, desde o final do ano passado... precisamente, desde o dia 25 (vinte e cinco) do décimo segundo mês do duomilésimo nono ano do Nascimento de Cristo, ao receber a notícia, vinda dos lábios de um gentio; uso este termo na ascepção bíblica, uma pessoa estrangeira, estranha, alheia; que o Piano Ritter Hale que encontrava-se na minha casa durante anos, e que fique claro, não era de minha propriedade (mas eu já havia adquirido esta por meio do usocapião de coisa móvel: art. 1.260, caput, Secção I-Da usocapião, Capítulo III-Da aquisição da propriedade móvel, Título III-Da propriedade, Livro III-Do direito das coisas, Parte Especial, Lei n.º 10.406 de 10 de janeiro de 2002 [Institui o Código Civil], publicada no Diário Oficial da União de 11 de janeiro de 2002, sancionada pelo Exmo. Sr. Presidente Fernando Henrique Cardoso no 181º da Independência e 114º da República) e sim era, ao que se sabe, de posse imediatamente anterior da I. Evang. Holiness Brasileira.
A Sra. conjuge do presidente desta supracitada organização, quase que mafiosa, tem a audácia de bater à minha porta no dia de natal para requerer a devolução do bem, ora sob minha posse. A vontade inicial era de procurar qualquer objeto perfuro-cortante e, após obter imensa satisfação no esquartejamento (art. 121, § 2.º, II e III, Capítulo I-Dos crimes contra a vida, Título I-Dos crimes contra a pessoa, Parte Especial, Lei n.º 2.848 de 7 de dezembro de 1940 [Código Penal], publicado no Diário Oficial da União de 31 de dezembro de 1940, e retificado em 03 de janeiro de 1941, sancionada pelo Exmo. Sr. Presidente Getúlio Vargas no 119º da Independência e 52º da República), praticar o último crime de ocultação de cadáver (art. 211, caput, Capítulo II-Dos crimes contra o respeito aos mortos, Título V-Dos crimes contra o sentimento religioso e contra o respeito aos mortos, Parte Especial, Lei n.º 2.848 de 7 de dezembro de 1940 [Código Penal], publicado no Diário Oficial da União de 31 de dezembro de 1940, e retificado em 03 de janeiro de 1941, sancionada pelo Exmo. Sr. Presidente Getúlio Vargas no 119º da Independência e 52º da República), e sentir-me extremamente saciado.
Mas, em contra-mão a todas estas tendências mórbidas, obviamente, que não seriam, jamais cogitadas e nem executadas por mim (claro que toda essa enrolação é para mostrar que eu me dei ao trabalho de encher um parágrafo com as referências criminais), eu aceitei que levassem o dito bem.
Durante a noite, me despedi do Ritter Hale, coloquei um lençol por cima e ele estava morto para mim. Desta data em diante, eu vivi armaguradamente sem o meu precioso amigo de todas as horas. E, por muitas e muitas vezes, meu pai se ofertou para comprar um piano comigo, e pagar a metade. Eu, veementemente (interessante esta palavra 'veementemente') recusei. E aguardei até que...
Um trauma sentimental e familiar, que já estava sendo preparado para chegar ao seu climax há sete anos, encontrou seu estopin no meu lixo.
Foi quando eu resolvi, por iniciativa própria, comprar um piano. Assim eu desvaneceria minha mente. Dito e feito.
Encontrei na internet o piano dos meus sonhos mais profundos e inimagináveis. Veja a descrição da beleza:
"Pleyel, francês, mecânica alemã (Pleyel Wolff Co.), um dos primeiros a dispor de cordas cruzadas, um dos primeiros a ter mecanismos Pleyel©, fabricado entre 1860 e 1890, trazido para o Brasil em um navio meados de 1920, teclado em marfim, com cheiro de velho, e marcas de cupim"
Por fim, imediatamente, decidi-me na minha escolha. É este. Comprei a toque de caixa, ordenei sua manutenção primordial. E, logo, ele estará a minha disposição, com as devidas ressalvas que o 'trauma' impôs.
Preparo, no momento, um grande e glorioso recital para a EPIC - Estréia do Piano do Calebe*.
Descobri que o Piano Pleyel é a marca Oficial de HenriHerz, Gaveau, Bord etc. etc. do Imperial Estabelecimento de Pianos e Músicas de Buschmann & Guimarães, Fornecedores da Casa Imperial sito à Rua dos Ourives, 52.
Descobri, ainda, que a marca Pleyel é a favorita do dignatário compositor clássico Fryderyk Franciszek Chopin, amigo pessoal do fundador da Pleyel.
*por BrunoUesso
A Sra. conjuge do presidente desta supracitada organização, quase que mafiosa, tem a audácia de bater à minha porta no dia de natal para requerer a devolução do bem, ora sob minha posse. A vontade inicial era de procurar qualquer objeto perfuro-cortante e, após obter imensa satisfação no esquartejamento (art. 121, § 2.º, II e III, Capítulo I-Dos crimes contra a vida, Título I-Dos crimes contra a pessoa, Parte Especial, Lei n.º 2.848 de 7 de dezembro de 1940 [Código Penal], publicado no Diário Oficial da União de 31 de dezembro de 1940, e retificado em 03 de janeiro de 1941, sancionada pelo Exmo. Sr. Presidente Getúlio Vargas no 119º da Independência e 52º da República), praticar o último crime de ocultação de cadáver (art. 211, caput, Capítulo II-Dos crimes contra o respeito aos mortos, Título V-Dos crimes contra o sentimento religioso e contra o respeito aos mortos, Parte Especial, Lei n.º 2.848 de 7 de dezembro de 1940 [Código Penal], publicado no Diário Oficial da União de 31 de dezembro de 1940, e retificado em 03 de janeiro de 1941, sancionada pelo Exmo. Sr. Presidente Getúlio Vargas no 119º da Independência e 52º da República), e sentir-me extremamente saciado.
Mas, em contra-mão a todas estas tendências mórbidas, obviamente, que não seriam, jamais cogitadas e nem executadas por mim (claro que toda essa enrolação é para mostrar que eu me dei ao trabalho de encher um parágrafo com as referências criminais), eu aceitei que levassem o dito bem.
Durante a noite, me despedi do Ritter Hale, coloquei um lençol por cima e ele estava morto para mim. Desta data em diante, eu vivi armaguradamente sem o meu precioso amigo de todas as horas. E, por muitas e muitas vezes, meu pai se ofertou para comprar um piano comigo, e pagar a metade. Eu, veementemente (interessante esta palavra 'veementemente') recusei. E aguardei até que...
Um trauma sentimental e familiar, que já estava sendo preparado para chegar ao seu climax há sete anos, encontrou seu estopin no meu lixo.
Foi quando eu resolvi, por iniciativa própria, comprar um piano. Assim eu desvaneceria minha mente. Dito e feito.
Encontrei na internet o piano dos meus sonhos mais profundos e inimagináveis. Veja a descrição da beleza:
"Pleyel, francês, mecânica alemã (Pleyel Wolff Co.), um dos primeiros a dispor de cordas cruzadas, um dos primeiros a ter mecanismos Pleyel©, fabricado entre 1860 e 1890, trazido para o Brasil em um navio meados de 1920, teclado em marfim, com cheiro de velho, e marcas de cupim"
Por fim, imediatamente, decidi-me na minha escolha. É este. Comprei a toque de caixa, ordenei sua manutenção primordial. E, logo, ele estará a minha disposição, com as devidas ressalvas que o 'trauma' impôs.
Preparo, no momento, um grande e glorioso recital para a EPIC - Estréia do Piano do Calebe*.
Descobri que o Piano Pleyel é a marca Oficial de HenriHerz, Gaveau, Bord etc. etc. do Imperial Estabelecimento de Pianos e Músicas de Buschmann & Guimarães, Fornecedores da Casa Imperial sito à Rua dos Ourives, 52.
Descobri, ainda, que a marca Pleyel é a favorita do dignatário compositor clássico Fryderyk Franciszek Chopin, amigo pessoal do fundador da Pleyel.
*por BrunoUesso
Comentários
Depois da invenção da pílula anticoncepcional, acho que (re) adquirir o seu piano seja o maior feito humano da História. E não digo por ironia, afinal, estamos testemunhando um marco, um divisor de águas em seu combalido humor! Talvez de agora em diante veremos suas "tuitadas" mais alegres e bem longe de rabugentas! Agora, estou curioso... pergunta que não quer calar: O que a máfia estará fazendo com aquele piano sagrado? Os ratos, talvez, tentam nele um Chopin?
Com relação à máfia, com certeza estão tocando o 'chupin' no piano, mesmo porque, creio que ele voltou para sua posição etérea e mórbida, empoeirada no salão inferior.
Vejamos o que posso fazer a respeito dos meus tweets... ^^