Sem título - Bloco de notas


Dia fantástico, é o que eu acho do dia que passei. Pense bem, estou sentado, na frente do meu computador, no meu quarto. Essa luz ao meu lado, essa luz de lâmpada incandescente. Huhum, ri um pouquinho. A janela fechada. Sabe, eu odeio essas janelas de alumínio, uma vez comentei com meu pai sobre o quão inúteis elas são, foi um momento de distração, e de uma conversa até que agradável; estávamos em terras guarulhenses.
Imagine você como é estar com a bunda encostada na cadeira. Este revestimento de couro, logicamente artificial. Eu estava deitado, sem nenhum motivo para ficar lá, e nenhum motivo para ficar aqui, aliás, estão me faltando os motivos.
Toutch my heart, toutch my soul. Eu não sei pra quem eu peço isso, só sei que peço. Ontem tive mais uma consciência das mentiras que digo para mim mesmo. Evito pensar nas minhas mentiras, elas estão lá para que somente eu acredite nelas.
Eu realmente gosto de dirigir, acho que dirigir e beber são coisas que me fazem esquecer os problemas. Tudo fica mais fácil atrás de um volante, e tudo mais alegre depois de uns drinks. Um desconhecido creme na minha escrivaninha, a triologia d'O Poderoso Chefão, a capa vermelha com letras douradas em alto relevo, naquela fonte típica.
A Fayga me olha agora, bem agora que estou sentado vestindo somente uma camisa operária, muito mais larga do que eu, num azul profundo, 'paratodos' nas costas.
Alguns trovões estão rugindo ao longe. Pense um pouco, eu gosto de ouvir o rugido deles, me lembram força, independência, vontade própria. É tudo que eu desejo para mim, ah se Zeus pudesse me ouvir, um novo riso se abre pelo meu rosto. Eu estou tentando digitar sem olhar para o teclado ou para a tela, não consigo bem, é difícil tentar. Fixei o olhar num ponto, deixe-me ver o que é: 'Documentário 80 anos do Colégio Brasileiro de Cirurgiões'. Belo presente, ganhei do amigo, vero amigo, pelo menos assim considerei mui rapidamente, O herdeiro da Quinta de Romay, amigo do saudoso Dr. Julio, tive a graça de conhecer o cirurgião ainda em vida, gentleman.
Sem mais para escrever.
Eu tive mais um daqueles meus planos fantásticos para o futuro enquanto estive deitado. E tudo me parece tão longe, mas ao mesmo tempo tão perto. Quero tanto, tão desesperadamente chorar, e deitar minha tristeza e infelicidade no ombro de quem eu realmente confie, ou realmente ame, ou realmente tenho certeza que sente isso por mim. Mas meu duro coração não permite isso, ele não quer se doar novamente. Ele chora por dentro, como está chorando agora.
Ele chora porque estou escrevendo aquilo que não tenho coragem de dizer, estou escrevendo aquilo que é a verdade, e ele não quer saber a verdade, de modo nenhum eu desejo a verdade sobre meu coração, sobre minha alma. Não quero a verdade sobre aquilo que eu escondo dia após dia, com o meu sorriso bobo e minha conversa disprovida de utilidade prática. Da minha cantada, sem juízo. Do meu dia a dia.
Fui longe demais hoje, estive em postos avançados. Não quero mais falar sobre isso. Dói.
Eu não quero amar novamente. Porque eu não quero chorar como antes.
Porque sou tão complicado?

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